O que faz de um livro bom ou mau?

Escrever um livro, assim como qualquer outra manifestação artística, exige talento, mas também muito trabalho, estudo e dedicação. O objectivo do artista é quase sempre o mesmo: exteriorizar o que sente e chegar ao maior número de pessoas, estimulando o seu sentimento crítico, mas também as suas emoções e estados de espírito.

Se um livro é bom desperta paixões, acumulando elogios e loas apaixonadas. Se, pelo contrário, um livro for mau, cria ódios rancorosos e os defeitos são amontoados em críticas arrasadoras. Mas o que é que separa um livro bom e um livro mau? Tudo e nada. Ou seja, não existe propriamente uma resposta correcta a esta questão, uma vez que a crítica artística está muito dependente doa opinião de cada um. É, portanto, uma análise sobretudo subjectiva.

E, no entanto, existem muitas regras, nomes e fórmulas para bem escrever. Uma estrutura interna que organiza o conteúdo, arcos narrativos que estabelecem determinados momentos da historia e arquétipos de personagens que ajudam a balizar a acção. Por outro lado, estas regras apenas existem para serem quebradas. Como escrever então um bom livro? E como distinguir uma boa de uma má obra literária?

O QUE É UM BOM LIVRO?
Existem então sinais que podemos identificar em todos os bons livros. Aliás, basta pensar nos títulos que mais o marcaram ao longo da sua vida e verá que todas estas marcas serão comuns a eles. Por exemplo, um bom livro é aquele que, essencialmente, o prendeu desde o primeiro momento. Não quer dizer que, na primeira linha, já sabia que ia adorar. Mas, de alguma forma, conseguiu prender a sua atenção e despertar a curiosidade para o levar até ao final com a mesma motivação e interesse. 

Ao cativar o leitor, o livro recorre a várias ferramentas. A principal são as personagens, já que são eles os heróis das suas histórias. E um bom livro é aquele que tem personagens com as quais é fácil de se identificar, para o bem e para o mal. Para isso, é fundamental utilizar uma linguagem bonita, bem construída, escorreita e, sobretudo, bem estruturada, capaz de transmitir as ideias e a intenção do autor aos seus leitores.

Mas não só. Um bom livro é também aquele que consegue transmitir uma mensagem para além da sua história. Não quer dizer que todas as boas obras tenham que ter uma mensagem profunda, escondida nas entrelinhas, mas na maioria as vezes existe algum mais para além do que está escrito. As metáforas e as alegorias ajudam a reflectir, seja sobre as nossas vidas ou sobre a actualidade, através da projecção na vida de outros e de outrem.

O QUE É UM MAU LIVRO?
Tal como não existe uma resposta correcta à pergunta “o que é um bom livro?”, também não é fácil explicar o que torna um livro mau. No entanto, podemos apontar alguns sinais como potenciadores de uma má história. Por exemplo, não existe nada mais frustrante do que um livro que acabe abruptamente, quando menos estamos à espera e, pior ainda, que deixe linhas narrativas soltas.

Além disso, é também extremamente aborrecido e maçador a utilização de lugares comuns e de clichés, que nada acrescentam de novo. Não quer dizer que todos os livros tenham que ser absolutamente originais, até porque a maioria das histórias são apenas variações umas das outras, mas o tempo do leitor é demasiado valioso para ser gasto em repetições de coisas que já vimos e lemos milhares de vezes no passado.

Finalmente, mas não menos importante, é também sinal de um mau livro uma linguagem preguiçosa ou demasiado descritiva, a construção de personagens sem profundidade, limitado à bidimensionalidade, ou a utilização de factos incorrectos, que apenas demonstram a incompetência do escritor. É muito complicado conseguir construir qualquer empatia com um livro com estes elementos e é isso que, na maioria das vezes, denuncia um mau livro. No entanto, tudo isto acaba por ser subjectivo e não significa que haja quem goste de determinado livro, que seja odiado pela maioria dos leitores.