É impossível lermos todos os livros que queríamos numa só vida. Mesmo que não fizéssemos mais nada no nosso dia-a-dia, nunca teríamos tempo suficiente para ler a biblioteca ideal, aquela que tem todos os livros que, por qualquer motivo, gostaríamos de ler pelo menos uma vez na vida. Ainda para mais, actualmente publicam-se livros como nunca, batendo recordes todos os anos. Por isso, é que não devemos perder tempo a ler livros por militância. Devemos ler apenas aqueles que nos dão prazer e não os que nos dizem que devemos gostar. O que não significa que não procuremos sugestões de terceiros. Até porque o boca-a-boca continua a ser a melhor forma de recomendar o que quer que seja. Existem vários livros clássicos, que são normalmente tidos como obrigatórios. As razões para serem incluídos nesse cânone podem ser as mais variadas: o tema, a forma inovadora, a escrita única…
No fundo, são factores de avaliação subjectivos, ao gosto de cada um de nós. Mas quando estes livros apelam a um número generalista cada vez maior, é difícil não concordar com o seu valor intrínseco. Por isso, elegemos aqueles que são alguns dos nossos livros favoritos, que consideramos que devem ser lidos pelo menos uma vez na vida.
A distopia é um sub-género literário muito particular, que utiliza a ficção-cientifica para criar cenários hipotéticos e reflectir sobre o presente. E, dentro deste género, “1984” é considerado uma das melhores distopias de sempre. E uma das provas da sua pertinência é a forma como é recuperado sistematicamente, de quando em vez, pela forma como previu a atualidade. Ou seja, apesar de ser um livro de ficção-científica, que se passa num futuro hipotético, é um romance intemporal e que nunca fica datado, antecipando várias formas de totalitarismo e de controle da população. É de “1984” a figura do Big Brother, o Grande Irmão que tudo vê, por exemplo. Um livro completamente obrigatório.
Harper Lee só escreveu um livro em vida (ou, pelo menos, até ter sido publicado em 2015, um romance póstumo), mas foi o suficiente para imortalizar o seu nome no Olimpo dos escritores. “Mataram a Cotovia”, lançado em 1960, é considerado um dos maiores romances de sempre, uma história sobre racismo na America sulista segregadora, onde um homem é acusado de um crime que não cometeu apenas pela cor da sua pele. Baseado nas memórias da própria autora, o livro é objectivo de leitura obrigatória nas escolas dos Estados Unidos e tem sido objecto de análise de vários especialistas pelo mundo fora. Também já foi adaptado ao cinema, num filme homónimo que venceu o Oscar, em 1962.
Considerado por muito o grande romance americano, “O Grande Gatsby” é o mais conhecido livro de F. Scott Fitzgerald. Ambientado nos “loucos anos 20”, é um livro que capta na perfeição esse espírito do tempo, numa década em que a sociedade norte-americana começou a cair lentamente numa espécie de decadência e indulgência geral. É uma história sobre a fragilidade do sonho americano, que continua a ser a base fundadora de uma sociedade que acredita piamente em algo que é uma utopia, tão imaterial como inatingível.
Oscar Wilde foi um dos observadores mais acutilastes da natureza e da condição humana, dissecando com uma ironia mordaz a estrutura social da comunidade britânica no final do século XIX. Por isso, “O Retrato de Dorian Gray” foi mal recebido pelo público, quando foi publicado em 1890, por “ofender a moralidade” inglesa. Hoje em dia, o livro tornou-se num clássico de culto, que é uma espécie de revisitação do mito de Fausto, sobre um homem que se mantém belo e jovem para sempre, enquanto um retrato seu vai envelhecendo e carregando consigo todos os pecados que o seu modelo comete. Uma metáfora forte que se mantém actual nos dias de hoje, sobre a beleza, o tempo e a sociedade.
Para terminar esta lista fazemos um pouco de batota, porque não inserimos apenas um livro, mas antes três. “O Senhor dos Anéis”, de JRR Tolkien, é uma trilogia fundadora que criou um novo universo fantástico, onde o autor fundiu mitologia nórdica, folclore celta e bretão e muita imaginação fértil, para criar um mundo de dragões, elfos e duendes, em redor de um anel mágico poderoso que tudo controla e que, por isso, não pode cair nas mãos erradas. Depois de ter sido adaptado ao cinema, pela mão de Peter Jackson, os livros autonomizaram-se, mas continuam a ser dos melhores romances de todo o sempre.
Certamente irá sempre existir subjetividade na escolha dos melhores livros para cada um de nós. Mas garantidamente ninguém poderá ficar indiferente a esta nossa seleção.
Boas leituras.
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