Vivemos em plena era digital, em que a internet veio operar uma autêntica revolução silenciosa nas nossas vidas, alterando significativamente a forma como comunicamos, como trabalhamos e até como consumimos. É certo que a grande conquista dos últimos anos foi a desmaterialização dos suportes físicos, mas foi com o advento dos dispositivos móveis, como os smartphones e os tablets, e com a democratização das ligações sem fios, que essa revolução foi possível.
Hoje em dia, os smartphones assumem-se como uma extensão do próprio corpo humano e já não sabemos viver sem a internet. É a world wide web que dita as novas tendências, optimizando a forma como trabalhamos ou consumimos entretenimento, mas também oferecendo-nos ferramentas para optimizar o dia-a-dia. Além disso, uma série de novos conceitos e termos técnicos invadiu o nosso léxico, com uma série de novos conceitos que vieram baptizar essas conquistas que são desbloqueadas a um ritmo quase diário.
O mundo literário não é excepção e não passa incólume a essa influência digital. Basta ver como, nos últimos tempos, os booktubers e os bookstagrammers se tornaram na nova influência digital literária, provando que aquela máxima de que os jovens de hoje em dia não leem é completamente errada. Estes influenciares digitais têm revolucionado o mundo das Letras, especialmente junto dos mais jovens, utilizando a internet e as redes sociais como ferramenta. Mas afinal de contas, o que são booktubers e bookstagrammers?
Provavelmente já ouviu falar de influenciadores digitais, essa nova carreira que só é possível graças ao aparecimento da world wide web. Como o próprio nome indica, estes influenciares digitais são pessoas com um público fiel que seguem os seus canais de comunicação online, normalmente alojados numa das várias redes sociais (como o Facebook, o Instagram ou o TikTok, apenas para mencionar as mais populares), que conseguem exercer de alguma forma influência das decisões tomadas pelos seus seguidores.
Os influenciadores digitais, devido ao seu enorme peso junto do público, tornaram-se assim numa ferramenta fundamental do marketing digital, a disciplina que procura optimizar as vendas de produtos ou serviços através dos novos canais de comunicação. E, mais recentemente ainda, surgiram os booktubers e os bookstagrammers, que são influnciadores digitais mais especializados num determinado sector: o da Literatura e Letras.
Ou seja, booktubers e bookstagrammers são influenciadores digitais que utilizam o Youtube e o Instagram, respectivamente, para explorar o que se passa no sector literário, recomendado livros, títulos e autores, apresentando críticas e resenhas de novas obras e criando as suas próprias tendências. Para isso, recorrem sobretudo à criatividade, ao design e ao sentido crítico, inserindo grandes doses de cultura popular, conteúdo audiovisual e, claro, muitos tempos próprios que já se autonomizaram. É o caso da abreviatura “tbr”, que vem do inglês “to be read” e que, traduzido livremente para português é algo como “para ser lido”, ou o “book haul”, ou seja, as “últimas aquisições”.
Se, por um lado, parecem haver menos leitores hoje em dia do que há algumas décadas atrás, por outro lado nunca houve tantos livros impressos por ano. Parece um contra-senso e, de certa forma, é-o. Afinal de contas, é necessário alimentar a máquina capitalista, mantendo-a a girar e levando o público a comprar cada vez mais produtos de forma regular, mesmo que não precise deles.
No entanto, a grande revolução actual do mundo das Letras é mesmo a dos influenciadores digitais. Com os seus milhares de seguidores nas redes sociais, os booktubers e os bookstagrammers da actualidade conseguiram engajar um público mais jovem para os hábitos de leitura, criando uma nova espécie de clube de leitura. Estes clubes, que tornam o acto individual da leitura num momento de partilha colectiva, aumentaram assim com o alcance global da internet e criam um sentimento de pertença entre estas comunidades, que assim encontram legitimação e reconhecimento entre os seus pares.
Não é de admirar, portanto, que estes infuneciadores digitais se tenham tornado num canal de comunicação muito importante para as próprias editores e escritores. E isso ajuda aprovar que o livro não está morto, como tantas vezes têm vaticinado. Em 2022 estima-se que o volume total de impressão de livros irá atingir os mil milhões de páginas, o que é absolutamente impressionantes. E só para o mercado europeu isso representa quase 40 mil milhões de euros. Nada mau numa indústria para a qual muitos defendem já não haver consumidores. Afinal, os boatos sobre a morte da Literatura foram manifestamente exagerados, como haveria de dizer Oscar Wilde se fosse hoje vivo.
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